Desde o ano passado estamos reunindo material sobre o cineclubismo na região, buscando encontrar alguns protagonistas da cena local e até alguns de fora, mas que participaram de alguma maneira com a troca de conhecimento. Um desses nomes foi o do Felipe Macedo, não daqui mas que passou pela cidade e hoje é o atual coordenador do Cineclube Latino-Americano em São Paulo/SP.
O nome do Felipe não surgiu por acaso. Mas sim da verificação de alguns dados e pesquisas feitas no qual o nome dele, e de outros cineclubistas, cruzavam a nossa história e a história da cidade de Caxias do Sul/RS. Fato esse, que neste período completa 37 anos, já que estamos falando da XII Jornada Nacional de Cineclubes ocorrida em 11 a 15 de fevereiro de 1978 nas dependências do Recreio da Juventude, no qual nosso amigo cineclubista precedeu a ocasião:
O nome do Felipe não surgiu por acaso. Mas sim da verificação de alguns dados e pesquisas feitas no qual o nome dele, e de outros cineclubistas, cruzavam a nossa história e a história da cidade de Caxias do Sul/RS. Fato esse, que neste período completa 37 anos, já que estamos falando da XII Jornada Nacional de Cineclubes ocorrida em 11 a 15 de fevereiro de 1978 nas dependências do Recreio da Juventude, no qual nosso amigo cineclubista precedeu a ocasião:
“Em 1977 eu era, sim, secretário-geral do Conselho Nacional de Cineclubes. Mas o presidente, o carioca Marco Aurélio Marcondes, licenciou-se quando foi para a Embrafilme montar a distribuição 16 mm, no meio do ano. Assim, estatutariamente assumi a presidência e, como tal, presidi a Jornada de Caxias - onde fui eleito presidente para o período seguinte.”
Fachada Cine Central Foto: Luis Carlos Leite |
A jornada foi realizada no Cine Theatro Central, no qual na parte superior, correspondendo ao mezanino foi destinado ao Cineclube do Recreio da Juventude. Conforme o livro Cinemas: Lembranças, o cineclube “fazia parte de um movimento nacional de exibição cinematográfica independente do sistema comercial, que, na maioria das vezes, apresentava seus filmes em horários alternativos, quase sempre após as sessões normais dos cinemas.”
O cineclube Cine como le gusta está inserido nas discussões do Conselho Nacional de Cineclubes e com isso facilitou o encontro e obtenção de relatos sobre algumas questões que ficaram no ar no qual nosso contato relata:
“A 12a. Jornada foi a maior de todas até hoje, com 124 cineclubes com direito a voto e uns 500 participantes. Foi também um momento muito importante de embate entre as grandes tendências do cineclubismo então. Um divisor de águas. E marcou, de certa forma, o surgimento dos cineclubes de comunidades da periferia. Na revista da Cinemateca Uruguaia - que mandara uma delegação - meses depois saía uma matéria falando mais ou menos: "no Brasil reúnem-se multidões para discutir cineclubismo..."
Em plena época de ditatura militar, essas reuniões ou encontros era algo que chamava a atenção dos militares, até porque a causa sempre foi de liberdade e direitos. E tendo em vista que a cidade possui um quartel e de toda a história sobre grupos sindicais na cidade associados com o comunismo (diga-se: lutas de classe por direitos) nada mais estranho que a Jornada acontece-se por aqui.
Cartaz de divulgação Arquivo Histórico Municipal |
As autoras do livro Cinemas: Lembranças, ainda descrevem que “na ocasião ainda foram discutidos a censura da época, a produção independente, as formas e o conteúdo do relacionamento entre o movimento cineclubista e as entidades de cinema, a própria Embrafilme e os estatutos do Conselho.” e que “em tempo de ditadura os cinemas iam se esvaziando, em razão do baixo nível das programações e da concorrência da televisão.”
No final das contas a Jornada foi um sucesso, tendo repercussão e fortalecimento do cineclubismo. Ainda falta esclarecer alguns fatos, relatos que nos passaram, no qual devemos buscar mais informações na cinemateca de Curitiba e aos poucos resgatar o que foi esse encontro e quem da cidade participou.